
1. BASE BÍBLICA DA DOUTRINA DA MORDOMIA
A Bíblia ensina por preceitos e exemplos que somos mordomos de Deus. Ele nos confiou a administração de bens e poderes que lhe pertencem. Causa estranheza que cristãos, através dos séculos, tenham aberto o Livro Sagrado milhares de vezes e até tenham procurado viver suas verdades, sem que a doutrina da mordomia viesse a ocupar em suas vidas o lugar que merece. Daremos, em resumo, o que a Bíblia diz acerca desse assunto.
O universo pertence a Deus (Gn 1.1; 14.22; Dt 10.14; I Cr 29.13-16; Sl 24.1; 50.10-12; 89.11; Jr 27.5). De modo específico, o solo pertence a Deus (Lv 25.23; 2 Cr 7.20). Os minerais e os tesouros que a terra e o mar escondem (Sl 95.5; 146.6; Ag 2.8; Jl 3.5). Tudo o que a terra produz (Gn 2.9; Sl 104.4) e toda a vida animal (Gn 1.24; 9.2,3).
Depois de haver completado a obra da criação, Deus colocou Adão num jardim aprazível e lhe confiou as coisas criadas (Gn 2.15). Deus nunca entregou os títulos de propriedade a Adão, mas conservou-os para si mesmo como criador. Adão era um simples mordomo. O homem só poderia ter direito de propriedade sobre aquilo que ele pudesse criar; entretanto, nunca homem algum jamais foi capaz de criar qualquer coisa. Tudo o que ele pode fazer é utilizar-se das coisas criadas, adaptá-las e combinar forças e elementos por Deus criados.
O homem pertence a Deus
Por direito de criação (Gn 1.27; 2.7; Is 42.5; 42.1-7; Ez 18.4)
Por direito de preservação (At 14.15-17; 17.22-28; Cl 1.17; I Pe 1.5). Deus não somente nos criou, mas também nos sustenta na sua providência. Ele não é um Deus que criou o mundo e o abandonou à sua própria sorte. Pelo contrário, Ele está profundamente interessado em tudo o que se passa entre os homens, acompanhando o desenrolar da história e orientando-a para atingir seus propósitos eternos. Não fora um Deus sustentador do universo e este mundo e a vida humana seriam uma impossibilidade.
Por direito de redenção (Ex 19.5; 1 Co 6.19-20; Tt 2.14; Ap 5.9). Fomos criados para glorificar a Deus (Is 43.7; 1 Co 6.18-20). Mas o pecado desviou o homem desse alvo. Era preciso, então, que Deus o restaurasse e o libertasse do pecado, que o separava dele (Is 59.2). Isso realizou-se na morte e na ressurreição de Jesus Cristo, que se ofereceu como propiciação pelos nossos pecados, restabelecendo outra vez o alvo para o qual Deus nos criou, e nosso objetivo, a partir da vitória de Cristo, deve ser buscar a sua glória.
2. O VALOR DA DOUTRINA DA MORDOMIA PARA A VIDA CRISTÃ
Talvez não haja outra doutrina capaz de influenciar mais a vida do crente do que a da mordomia quando devidamente compreendida e aplicada.
Antes de tudo, deixará de existir em nossa vida a diferença artificial que, em geral, se faz entre atividades religiosas e seculares. Religião não será mais uma atividade que tome de nós certos dias e horas. Cada minuto de nossa vida será sagrado, porque pertence a Deus. Nosso trabalho deixará de ser uma coisa mecânica e material para ser algo concedido pela graça de Deus. Estamos cooperando com Deus no desenvolvimento e progresso de um mundo criado e mantido por ele mesmo.
O mordomo fiel, despertado por uma visão nova e mais ampla, verá Deus e sua mão em lugares e coisas que lhe pareciam despidas de caráter religioso. Não só a igreja, mas o lar e o lugar de trabalho participam dessa esfera sagrada, porque Deus está em toda parte como criador e preservador. Não haverá mais coisas lícitas aqui e ilícitas ali, porque todo o lugar que a planta do nosso pé pisar será terra santa (Ex 3.1-5).
E mais: o conceito cristão de mordomia fará crescer o nosso senso de responsabilidade. Aqui está perante nós um mundo criado por Deus, com tudo quanto nele há, por cujo desenvolvimento somos responsáveis. Aqui estamos nós mesmos, criados à imagem de Deus, e tendo de prestar contas da nossa vida, em toda a riqueza de suas manifestações. Aqui estão almas imortais, sem conhecimento da graça salvadora de Cristo, às quais o Senhor nos incumbe de levar a Boa Nova. São tremendas as nossas responsabilidades como mordomos de Deus!
Cientes da nossa fragilidade e incapacidade para bem desempenhar nossa mordomia, somos levados a depender do Espírito Santo, que Deus fez habitar em nós para conduzir-nos à vida abundante de despenseiros da sua multiforme graça.
Temos a promessa preciosa de Jesus, que nos garante a assistência do Espírito, a fim de nos orientar no bom exercício na nossa mordomia. Ele nos esclarece quanto aos nossos deveres cristãos, fortalece-nos para o desempenho da tarefa de cada dia, purifica-nos, a fim de que sejamos "vasos para honra... e preparados para toda a boa obra" (2 Tm 2.22). Nenhum mordomo poderá servir com eficiência, se não viver uma vida orientada pelo Espírito Santo.
3. O SUPREMO EXEMPLO
Jesus não só ensina a verdade da mordomia em seus ensinos, mas a ilustra de modo muito claro e inspirador em sua própria vida. Ele se reconhecia mordomo de Deus, encarregado da tarefa suprema de alcançar a reconciliação da raça humana. Ele viveu a sua vida orientado por esse propósito. Seu desejo constante era fazer a vontade daquele a cujo serviço se encontrava na terra.
CONCLUSÃO
Inspirados em sua magnífica personalidade, caminhemos a passos firmes, como mordomos que não têm de que se envergonhar, que procuram desempenhar com fidelidade a tarefa que nos foi entregue.
Nenhum comentário:
Postar um comentário