domingo, 13 de janeiro de 2008

A ESPIRITUALIDADE DO MONTE: ÊXTASE SEM ENTENDIMENTO Mc.9.2-8

Três verdades sobre o ser humano devem ser afirmadas para entendermos este texto:
· O homem é um ser religioso;
§ Desde os tempos mais remotos a humanidade constrói altares.
· O homem é um ser confuso espiritualmente;
§ Só existem dois tipos de religiões no mundo: a revelada e a criada pelo homem;
§ Uma prega salvação pelas obras, outra salvação gratuita.
· O homem é um ser que idolatra a si mesmo.
§ O homem está no centro da adoração, pois Deus é quem está a serviço deste homem.
§ Não é a vontade do céu que é feita na terra, mas a vontade da terra que deve ser feita nos céus.
§ Essa idolatria valoriza o sentir, em detrimento ao entendimento.

Jesus, antes de subir ao monte, traça um discurso sobre a necessidade de sua morte e a conseguinte identificação dos discípulos com a vida de negação baseada na cruz (Mc. 8.31-38).
Em seguida, Jesus sobe com Pedro, Tiago e João para orar no monte. É interessante notar que a mente dos discípulos estava confusa. Tiveram uma visão maravilhosa, mas nenhum entendimento. Isto aconteceu por três causas:

2) Os discípulos andam com Jesus, mas não conhecem a intimidade do Pai:
· A motivação de Jesus em sua ida ao monte era orar, mas os discípulos não oravam com ele.
· Não tem a mesma motivação de Jesus.

3) Os discípulos estão diante da manifestação da glória de Deus, mas em vez de orar, eles dormem:
· Porque não oraram, foram meros espectadores.
· Um santo de joelho enxerga mais longe do que um filósofo na ponta dos pés.
· As coisas de Deus não lhe davam entusiasmo, por isso dormiram.

4) Os discípulos experimentaram um êxtase, mas não tiveram entendimento espiritual:
· Viram quatro fatos milagrosos: rosto de Jesus transfigurado, aparição em glória de Moisés e Elias, a nuvem de glória e a voz do céu.
· Eles não discerniram a centralidade de Cristo:
§ Estavam tão emocionados que viram Jesus no mesmo patamar que Moisés e Elias;
§ Não entenderam que os dois simbolizavam a Lei e os Profetas que apontavam para vinda de Jesus.
§ Por não entenderem quem Jesus era de fato, que a voz do céu disse: "Este é o meu Filho amado. Ouçam-no!”.
§ Nossa espiritualidade deve ser cristocêntrica.
· Eles não discerniram a centralidade da missão de Cristo:
§ O foco não era ficar no monte, mas partir para Jerusalém e para cruz.
§ Toda espiritualidade que se desvia da cruz é cega e desvirtuada.
· Eles não discerniram seus próprios ministérios:
§ “Bom estarmos aqui” – eles queriam a espiritualidade da fuga, e não do enfrentamento.
§ Queriam as visões do monte, e não os gemidos do vale. Queriam a comodidade dos templos, e não a opressão do mundo.
§ Permanecer no monte é fuga, é omissão, é irresponsabilidade. A multidão aflita nos espera no vale.
· Eles estão envolvidos por uma nuvem celeste, mas tem medo de Deus:
§ Servem a Deus por medo e não por amor.
§ Quem não tem discernimento teme, e não ama, pois "No amor não há medo; ao contrário o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor." (I Jo. 4.18).
§ Temos que servir a Deus não com medo do que Ele possa fazer conosco, mas por conhecê-lo e ama-lo.

5) CONCLUSÃO

Nossa espiritualidade não pode ser dissociada:
· De intimidade com Deus,
· De entendimento:
§ De quem é Jesus;
§ De qual é a missão de Cristo;
§ Qual é a nossa missão;
§ Qual é a nosso fundamento em nossa relação com Deus: medo ao amor.

Só atentando de forma correta a estes preceitos e que ficaremos livres da espiritualidade do monte: maravilhosa, mas ineficaz.