domingo, 17 de junho de 2007

APRENDENDO SOBRE CONTRIBUIÇÕES

Texto Bíblico: 2° Co. 9. 6-14.

1) INTRODUÇÃO

No Brasil, o discurso que tem mais permeado os púlpitos das igrejas evangélicas tem por tema a prosperidade, pautada principalmente nos dízimos e ofertas.
Muitas vezes, infelizmente, estes ensinos são distorcidos por interesses extra-bíblicos e têm influenciado de forma negativa a visão que o mundo tem do povo de Deus.
Dessa forma, faz-se necessário entender o que a Bíblia nos ensina sobre as contribuições. E para isso vamos analisar um dos textos mais usados quando o tema é ofertas: 2°Co. 9.
Vamos primeiro conhecer um pouco sobre a igreja para qual Paulo escreve, para depois entendermos o que Paulo nos ensina.

2) A IGREJA DE CORINTO

Corinto era uma cidade portuária, que tinha como porte forte o comércio. Era ponto estratégico no transporte dos mais diversos produtos. Assim, pessoas de todos os lugares transitavam por Corinto.
Tinha uma população de mais ou menos 600.000 pessoas, das mais diversas nacionalidades, tendo a cultura grega à base desta sociedade.
Era famosa por sua arte, arquitetura, fundições de bronze, banhos, e tribunais de justiça. Sua sociedade era moralmente corrupta, sendo que “corintianizar” significava viver uma vida de orgia.
Corinto tinha em seu principal monte um templo à deusa Afrodite (deusa do amor), onde milhares de meninas viviam como prostitutas cultuais.
Nessa comunidade é que Paulo chega em sua 2ª viagem missionária, evangeliza Priscila e Áquila, começa ali uma comunidade de fé, chegando a ganhar até o líder da sinagoga a Cristo.
Paulo escreve 1 Coríntios para tratar de um problema de divisão entre a igreja. Já em 2 Corintios, Paulo trata sobre o aparecimento de falsos apóstolos nesta comunidade. Paulo trata de vários temas que os Coríntios estavam sendo mal instruídos. Dentre eles, Paulo trata do tema da contribuição, o tema que falaremos hoje.


3) O MODELO DE CONTRIBUIÇÃO

Os capítulos 8 e 9 de 2° Coríntios tratam do modelo de contribuição que devia pautar as ações dessa comunidade.
Paulo começa a tratar sobre uma arrecadação que estava fazendo para os pobres de Jerusalém. O foco destas ofertas era suprir os cristãos que passavam por dificuldades em Jerusalém. Além disso, Paulo quer que a ação dos Corintios estimule outros irmãos a contribuírem também (v. 9.1-5).
Em seguida, utilizando a figura de um agricultor, Paulo trata sobre o modelo cristão de contribuição.

3.1) Paulo afirma que nossa contribuição nos abençoará (v. 6-11)
Aqui mora o primeiro problema na igreja atual: não se entende como as ofertas abençoam o crente. Normalmente se entende este movimento como uma barganha: toma lá dá cá. Não é isso que Paulo ensina:

3.1.1) Ceifamos na medida em que semeamos (v.6):
Paulo afirma que quanto mais investimento, mais retorno.
Tudo na vida é assim: quanto mais investimos em qualquer coisa na vida, mais retorno temos.

3.1.2) Ceifamos o que semeamos pelos motivos certos (v.7):
Aqui a ação cristã se difere da agricultura: a motivação na vida cristã é fundamental.
Nossa contribuição deve ser motivada por um coração voltado a Deus, e não com intenções escusas.
Deus não abençoa apenas a contribuição, mas também o contribuinte, e que este deve se tornar uma bênção a outros.

3.1.3) Ceifamos para poder semear mais (8-11):
Tudo que temos pertence a Deus. Dessa forma, quanto mais demonstramos desprendimento daquilo que recebemos de Deus, mais Deus nos dá para servimos de mantenedores de sua obra.




3.2) Nossa contribuição suprirá necessidades (12-13)
A contribuição é tida como dom do Espírito () e deve servir de auxílio das mais diversas formas na obra de Deus.
É interessante ressaltar que o termo que Paulo usa no versículo 12 para assistência é a palavra grega leitourgias que também pode significar serviço ou culto prestado a Deus. Assim Paulo relata que a contribuição também deve ser encarada como necessária dentro do culto a Deus.

3.3) A liberalidade do crente glorifica a Deus (v. 14)
O teste das finanças demonstra a obediência do crente a Deus; esta obediência glorifica o nome do Senhor na sociedade. Esta ação dos coríntios motivaria outros crentes à generosidade, e esta ação faria com que o nome do Senhor fosse glorificado devido à ação transformadora da Igreja, que compartilharia de suas posses para mudança de vidas.
Não são suas riquezas que glorificam a Deus, mas o seu uso para abençoar vidas.

4) O QUE APRENDEMOS ENTÃO?

Ø A generosidade reflete bênçãos para o crente:
i. Colhemos a partir do que plantamos;
ii. Colhemos a partir de nossa motivação;
iii. Colhemos para semear mais.
Ø Nossa liberalidade servirá de suprimento a outros, além de ser culto a Deus;
Ø Nossa generosidade glorifica a Deus na medida em que age como transformadora na sociedade.

Porque então, como Igreja, não começamos a agir desta forma?

Mudemos o nosso conceito de contribuição, e passemos a entregar a Deus com gratidão e alegria, e não com sentimento de troca.